Anedotas, Cigarras E Setembro

À noite, na festinha improvisada feita por algumas pessoas cujos nomes eu nem sei quais são, percebi que o tom das conversas, o cheiro da bebida e o valor da letra musical que soava não, necessariamente, faziam mais o mesmo sentido. Não são bebidas, nem músicas ruins e chatas; são só as mesmas músicas e bebidas que me faziam gritar na danceteria, aos 17 anos. São apenas os sentidos que elas, sem eu perceber, deixaram de ter. É sobre o tempo. Bem fez Caetano ao ter feito sua "Oração Ao Tempo" e aquele papo que Renato insiste em falar sobre ter muito tempo, medo do escuro e não ter o que perder transgrediu, tornou-se um tanto quanto ultrapassado. Querem um conselho? Não se desesperem. Tudo terá um novo conceito; perderá ou ganhará valor. Tudo é transição.
Ainda no barzinho, com um copo de vodca e gelo à mão, regredi. Talvez estivesse alguns anos atrás. Talvez tivesse sentido a essência daqueles sentimentos. São tão distantes. Os cheiros, as conversas... os amigos. Mas, gente, cadê os amigos que fizeram sua parte em me incentivar a pular do muro, a sair da aula, a responder à ofensa? Quanta petulância. Petulância essa que aos 17 é perfeitamente compreensível.
Tocaram Strokes, Beatles, Silverchair e é incrível como "Miss You Love" perdera seu espaço em meu playlist. Saudade de quem? Para quê? Senti uma necessidade sufocante de querer estar na minha cama, no meu quarto com minhas coisas. Falando nisso, preciso guardar estas resenhas... pois bem, decidi vir embora e fora a melhor decisão a tomar. A solidão completa. A gente não sente, mas completa.

Setembro me faz perceber fatos. Essas Cigarras (insuportáveis) cantarolando sempre me remetem à lembranças. Algumas dolorosas e outras... também. Que dias quentes...
Setembro me faz lembrar que o ano está acabando. Que os ventos começam a soprar de um novo jeito e que a cor do mundo atingiu a solidez mais escura das tempestades anuais.

Amores pretéritos, setembro, 17 e fatos que não gosto mais.
E sobre essas coisas que a gente, na verdade, nem deveria ter creditado tanto: adeus. Adeus!


Até mais.

Comentários

Anônimo disse…
É no mínimo interessante te ver tão aberto em um de seus textos. Não me entenda mal, não que não acredite na intimidade dos mesmos. Contudo, este se apresenta de uma forma que, diria eu, nua. Despido do sarcasmo arrogante e da necessidade de auto afirmação. Diria ate que, possivelmente, um texto para ser encontrado em um diário. E para ser sincero, é incrível. Acredito que seja um dos, se não o melhor, texto seu que já tive o prazer de ler.
Sem mais.

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