Faça Guerra, Mas Ame Pelo Menos Uma Vez Na Vida

Outro dia, a senhora de vestes amassadas olhou para fora da janela e perguntou ao seu amor, ao seu velho, não único, e grande amor, sobre o que havia acontecido todo aquele tempo. As lembranças que pareciam recém-chegadas, esfacelavam-se diante do espelho. As rugas, as pálpebras, os olhos sem tinta, o sorriso marcado. Havia outros cabelos. Mudaram, tornaram-se brancos. São outros. Aquela vida, desejável na juventude, era ideal,  mas hoje não. 
O senhor de rosto aprazível e também com rugas, poucas e determinadas rugas, dissera, do outro lado da mesma janela, que apenas o tempo tinha passado e que as coisas naturalmente tinham mudado. Que não há mais rigidez e memória  iguais. Que não se tem mais 20, 30 anos e que a vida os levaram àquele lugar.

- Somos felizes. Temos tudo que planejamos ter. E, de forma diferente, talvez mais racional, sóbria e, às vezes, insossa, nos amamos. Tem também o costume, mas isso será sempre inevitável. Seria enfadonho dizer que o amor é amor sempre, e, seria realista dizer que com o tempo ele passa a ser um costume. O tempo vai, vai, vai... e a gente acaba se acostumando com amor.

Eles se amavam. Conseguiram viver 35 anos juntos. Brigaram, discordaram muito mais que na juventude. O ímpeto da juventude não era nada. A maturidade advinda dos anos convividos valia mais. Provavelmente, será assim até o fim: a morte vem para todos, inclusive para os amantes. E principalmente para os amantes!

Janeiro
Julho
Dezembro

Todos os dias, todas as datas, toda a família: tudo, todos os dias. Isso é amor.

                                                                   ~ o ~

Júlio olha alguém, conhece alguém, beija alguém, conversa e, sem perceber apaixona-se de verdade, por esse alguém. Tudo isso numa mesma ocasião.
Júlio pediu o número do telefone.
Júlio disse coisas verdadeiras, julgadas lindas e fortes.
Júlio falara até em casamento, em vida em comum e sobre seus planos.
Contou sobre suas paixões passadas e evitou alguns constrangimentos, é claro
Júlio não pensara que amanheceria. Para ele, aquela noite não acabaria mais. Estava tudo tão ideal. Poderia parar. "Congelar". As emoções deveriam permanecer. O lúdico, o ilógico. A paixão.
As cinzas do cigarro espalhavam-se assim como o desejo que era perceptível a olho nu.
Mais alguns drinques e ele estaria longe daquela multidão que o cercava. Ele e o "alguém", dele...
Apaixonou-se desesperadamente e recebeu a devida recíproca - várias vezes, vários abraços... não eram 50 tons de cinzas, mas existiam os tons, mas haviam as cinzas. 
Foi intenso e foi verdadeiro. Foi volúvel, mas verdadeiro.
(...)
Na manhã seguinte, às 13h45min, Júlio acorda, toma banho, veste qualquer coisa que estava fácil de apanhar e vai à cozinha. Como de costume, almoça com seus familiares e enquanto comentava  com sua irmã que faltara um pouco de sal na comida, a vida continuou plena, digna e comum.
Um, dois, dez dias. "Metafórico", mas paixão. Verdadeira, volúvel e com algumas contra-indicações, mas paixão. A casualidade é afogante, atraente e, por muitas vezes, decadente. Há veracidade nos duas formas de gostar, mas quanto à paixão, entenda, esteja preparado.
Quanto ao amor....

Até logo.

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