Café Com Cólera

Nessas horas, fico apático, alheio a mim. É como se meu corpo flutuasse bem levemente, decorrente de uma dormência que me aperta o tórax, o peito, fazendo com que a tarefa de uma simples respiração se tornasse algo complicado e definitivamente dispensável. Era melhor não respirar. Nem tentar.

20h12min: só havia um barulho e ele era inaudível às pessoas que ali, ao lado, tentavam ser ágeis. Em vão. Escureceu na sala e a fornecedora de energia elétrica não foi a responsável, desta vez. Uma pena. O curto circuito era em mim, dentro de mim. Eu sorri.

Não consegui segurar o copo com água, nas mãos. Tremia como uma vara verde no vendaval e a única coisa que eu desejava, naquelas alturas, era: morrer. As pessoas, a maioria delas, superestima a morte. Até eu o faço, algumas vezes.
Morrendo, por exemplo, poderia cessar tamanha sensação de dor sobre meu corpo pálido, lúdico e perceptivelmente falecido, sem comandos. Eu ainda estava ali - e eu odiava esse fato. 
Os olhos abriram. Fazia noite e silêncio, lá fora; mas não só.
Sinto-me desconfortável. Pode ser Dengue, Covid19 ou, simplesmente, a pizza que comi, logo cedo.

Sinto frio. Não é inverno. Minha pulsação parou.

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