Venlafaxina, 75

Com os fones, ouço fortaleza, lembranças, dor

Fecho os olhos e enxergo medo. Muito medo. E pena.

Pena de mim, do que eu falei um dia; do quanto eu anotei, um dia, para ser melhor; pena por, ainda assim, ter falhado miseravelmente.

Sinto pena de mim porque a dor que carrego no peito, desde os primórdios da minha existência, não foram frutos do que eu sou (eu não nasci para este propósito de fracassos).

Inventaram-me que eu tinha que ser triste para, então, ser digno: digno de estar. Digno de ser. Digno de tentar, conversar, para fazer amigos, de não ser digno. Digno de ser indigno...  

Eu não sei como exatamente deixei essas questões tão delineadas a minha frente, assumissem o meu posto. 

Eu fui roubado. 

Só consegui enxergar alguns três olhares duvidoso. Depois, soco no estômago, no coração, na cabeça.... tontura. Estou muito tonto. Falar sobre minhas insuficiências ainda me causa crises fortes de ansiedade. 

A névoa lá flora só confirma minhas desconfianças: não haverá sol ao amanhecer e “ele” estará lá, vestido com suas mazelas mais sociais, talvez com uma calça preta e uma camisa  branca talhada em linhas, com outras bem desenhadas e sutis. Cabelo bem penteado, unhas limpas, olhos brilhantes de fé. Algo bem admirável… . Empolgação. Mas, não Deu. 

Não posso, por um minuto, esquecer que fora agressiva e  sorrateiramente roubado - que levaram meu bem maior, aquele cujas minhas entranhas, nas profundezas do inferno que é viver açoitado e intermitentemente triste, estava albergando. 

Viver dói, sim. 

A paz é, definitivamente, uma espécie de ilusão. Só que gourmet.



01h40min e minha mente não desliga. Nunca. 

Aqui jaz em paz, mas sem sono. 

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