Berenice. Enfim, Dezembro

...Quisera, eu, ser Peter Pan. A criança que não cresceu, mas que sabe voar.

Sobre as monotonias, os tédios, as pessoas que décadas depois, ainda continuam as mesmas. Mudar é necessário. Eu mudei. Todos mudam. A médio ou longo prazo, todos mudam. A vida molda.
Era um dia comum, como uma semana qualquer, cheio de espectativas. Não fosse a tensão dos sofrimentos causados pela agonia incessante de poder dominar alguns sentimentos introspectivos, imaturos e desleais tudo estaria perfeito. Perfeito. Uma dúvida. O mundo acaba ano que vem e eu ainda não descobri o que é ser perfeito. Não que eu tente ser. Não, não é isso. Na verdade, peco por tentar não ser perfeito. Não acredito em modelo de perfeição. São forjados. Falsos. Mortos como um manequim.
Contam por aí, que quando conseguimos interpretar os significados das coisas, quando aprendemos o que tivermos de aprender, partimos. Talvez, comece a fugir dos aviões, carros, rios, pessoas e amores. Todos esses elementos podem ser mortais. Letais. É que tudo está tão sem sentido. Conheci uma pessoa. Sim, conheci uma pessoa! Quer dizer, não no sentido que, sem querer, deixei você imaginar. Alguém contrário às minhas concepções. Talvez, ela nunca saberá o quanto foi (ou está sendo) importante para mim. Eu sou são, ela é vã; ela é astuta, viril. Sou racional, já ela irracional.  Eu, sóbrio, ela... nem tanto. Ambos lícitos. Ou ilícitos, vai depender de quem promulgar tal juízo de valor. Não se trata de soberba e nem maniqueísmo. Todas essas antíteses não me tornam melhor. Longe disso. Aprendi a fingir bem. Na minha futura profissão, isso é comum. Acho que não me sairei tão mal. Admiro quem consegue, pautado na plenitude de ser o que é, na qualidade de lutar por si só, uma vida plena. Sem manchas, sem sofrimentos e rancores. Desculpa. É que alguns rancores são necessários. Duvide daquelas pessoas que acordam, logo cedo, proferindo ao mundo o quanto é feliz. Duvide daqueles que te enchem de palavras altruístas. Elas são as mais reprimidas - e deprimidas. Não saberão sustentar isso para sempre. Apenas observe. Não julgue, mas observe.
Vejo minha história retratada num filme e concluo que, depois de um tempo, talvez mais algumas décadas, outras pessoas, outros sofrimentos, outras angústias, vidas estarão aqui, no meu lugar. Não somos únicos e seremos substituídos.
Em algum lugar da minha história, li algo parecido com "o que quer que faça na vida, será insignificante, mas é importante que o faço porque ninguém mais o fará...". Concordo, assim como tantos outros, somente com a primeira parte. Não acho que devemos ser obrigados a falar, a escrever ou a ser o que já foram e fizeram por nós. Não seguir uma ordem ideológica, não significa não ser ideal, não ser socialmente permitido. Não tenho mais idade para ser 'rebelde' e nem muito menos distorcer as coisas da vida. O que quero, é apenas deixar claro certas distinções e espero, sinceramente, estar sendo claro o suficiente. Decepcionante, não?
Provavelmente, este será o último post do ano e não quero perder a oportunidade de desejar a vocês, mais entusiasmo. Entendo. Todos estamos cansados e nosso entusiamo parece derreter junto à Camada de Ozônio. Tentem ficar bem no próximo ano. Tentem estar bem. Não deixem de fazer nada que queiram, mas tenham tamanha responsabilidade e maturidade para arcar com essas prazerosas consequências e se por algum motivo não der certo, não conseguir ou achar difícil: Peter Pan estará bem em qualquer lugar onde estiver mamãe, afinal, como a própria tradução daquela canção de 'ninar', diz: "Não há lugar como a casa da gente". Lá, você pode tudo e terá razão.


É só pensar em coisas boas que a gente voa.
Até 2012.

Comentários

Renato Oliveira disse…
Certamente.
E tem algumas circunstâncias que somente podem ser suportadas quando encontramos algum motivo ou eixo para voarmos. Desligar-se do concreto e das pessoas e circunstâncias que não mudam pode ser efetivamente necessário.

Gosto bastante da articulação dos teus textos.

abraços
Anônimo disse…
Como eu queria poder voar... até mesmo com sua sugestão final, é complicado...

Mas enfim, tenha um ótimo Natal (muito iluminado, como nós gostamos) e excelente 2012! Nos vemos lá!

Abraços!
Dois Rios disse…
Maicom,

É natural que a cada final de ano fiquemos mais introspectivos e façamos um balanço da nossa trajetória. A ilusão de zerar um ano para começar outro é o que faz o nosso moinho girar.

Que venha mais. Sempre mais. Errado, certo, torto ou direito, nãi importa. O que importa é que venha para somar experiências.

Teus desejos são os meus. Enfim, espero que o ano que ora começa, seja generoso, produtivo, significante e benevolente com todos nós.

Beijo,
Inês
jesyka lemos disse…
Você deve ser eu só que homem, não é possível... traduz meus pensamentos com uma escrita leve e densa, maravilhosamente viciante.
Pra mim a frase que fica disso tudo é: "Desculpa. É que alguns rancores são necessários." - também acho.

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