Ahava

Assim, de cara, preciso dizer que o proibido é sempre uma possibilidade. Minha natureza exala transgressão, invasão. Não me convém desenrolar impedimentos e não aprecio acordos. Não peço licença, não ligo para risadas hospitaleiras (às vezes, isso me entedia) e, por gentileza, não me venha com xícaras de chá. Encontro-me nos olhares proibidos, corpos interditos, condições incompatíveis, atos ilícitos, corações completamente desautorizados.
Obstáculos me fascinam, opinião alheia à vontade, censura, segredos incontáveis. Provoco ira de mulher, ciúme em homens, caprichos de mãe e silêncio de pai. 
Sempre que entro sem ser convidado, divirto-me, sou um ardiloso penetra. Na verdade, o mais astuto que já se viu na história. Provo-lhe o que digo afirmando que acabei de entrar em sua vida e você louco, curioso pra saber quem sou, mas me permita mostrar uma outra face, antes, a face não infratora que muitos preferem enxergar.
Quer saber? Também gosto e muito de ser bem-vindo, adoro me sentir convidado. Sou de contrários e de tudo o mais. Fico tão realizado com abraços satisfeitos...
A intimidade de dois corpos me faz extremamente bem e um exemplo disso é  a existência de dois corpos em brasa sobre uma cama, a beira-mar ou onde quer que seja. 
Só para que fique claro: gosto de pares. Na adolescência, um furor me enaltece; se um querer de uma pessoa insiste no querer de uma outra eu me arrepio! Que sensação boa essa que sinto quando dois velhinhos passeiam de mãos dadas... ok, tá legal, sou o rei dos clichês!
Parque de diversões, cinemas, pistas de dança... desnecessário falar sobre essa sedução que muito me fortalece.
Não possuo sexo! Não tenho corpo ideal, nem sou mortal, haja vista morrer e nascer e voltar a morrer e a renascer infinitamente - quantas vezes for necessário. Eu também sou teimoso. Há muitos que tentam me prender, outros que buscam me entender e há os mais ousados que preferem me explicar. Tempo perdido. Talvez eu faça feliz, talvez eu faça sofrer. Talvez você tenha me expelido da sua vida como um cão sarnento, mas um dia eu já fui a sua casa, seu querido hóspede. Nem tente dizer que não: conheço seu coração como a palma da minha mão, guardo segredos só seus, posso escrever um best-seller sobre você, se me der na telha. Poderia até mesmo contar a todos, tórridos detalhes da sua intimidade e, por favor, não me queira mal por conta disso.
A essa altura, suponho, você já deve estar imaginando sobre quem eu sou. Há quem me chame de Eros, Karma. Há quem me chame de amor, Love, Ahava.
Diante de tudo isso, como ter certeza de que eu sou eu de verdade? Dou minha palavra. Acredite.

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