O Primeiro Mês

Foi naquela noite fria e comum que ele começou a se dar conta do erro. A presença daquela pele que ardia sobre os lençóis se fora. Só ficara a dor. Dores. A plenitude apenas em consciência.
A carne não ardia mais, a consciência refletia mais apuradamente. O medo, o vilão do enredo, finalmente aparecera. Ele insistia em denotar sobre derrotas, perdas e saudade. Eita saudade que de construtiva, tinha apenas algumas poucas cabeças incrédulas. 
O som da água empurrando aquele comprimido, faz da dor alguma coisa a mais. Não se sabe até onde ou até quando será permitido seguir. A sanidade é algo muito tênue. Hoje você é o ser mais superprotetor, amanhã busca pela superproteção. É triste. Todo fim tende a ser triste. É como uma pessoa que nasceu, chegou à adolescência, descobriu os prazeres da juventude, da rajada do vento, mar e que, quase sem perceber, envelheceu, perdeu a virtude, o brilho, a ideia e a pele sólidos.
O amor é assim. Nasce, cresce (a grande maioria termina a jornada por aqui mesmo), envelhece... morre. É triste até pra mim, ter que chegar a essa conclusão: o amor não é perpétuo, esvai. Perpétuas são as lembranças, nossa ruína, a insônia, as canções, o sofrer que dilata os olhos e resseca a boca.
O laço da dor subjetiva, imperceptível e traiçoeiro. Engana sábios e miseráveis. Destroi impérios e constroi inquietudes duráveis. 
Quantos amores você precisará amar para que, então, num belo dia de sol, nas férias de um ano qualquer, perceba o que ele representa de fato para sua vida? Estamos acostumados a amar lembranças e não pessoas. Pessoas têm defeitos! Amar... Não, não é escolha. Amar é delicadamente adoecer ou adoecer delicadamente - a seu gosto. 
Numa relação quântica simples, Aristóteles diria que "o amor estar para a insanidade, como a doença estar para esperançoso e pode matar todo dia, toda hora.
Morre-se. Na verdade morre-se muito a cada hora, estando esta quente ou fria, nublada ou apenas úmida. Ama-se por amar, assim como morrer-se por amor.

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