Trigésima Vez

Eu nem sei por onde começar...
Ou sei.
Aos 29 anos a gente aprende que perder e vencer não são antíteses. Que amar e não ser amado não é feio. Que sofrer não é o fim; na verdade, é o começo.
Aos 29 anos, você se depara com dilemas acentuados. Questionamento como "o que quero ser" ou "não nasci para isso" são esquecidos. É que você aprendeu a ser muito prudente. 
Aos 29, você sofreu uma pressão infernal, transição desumana, mas isso foi apenas a vida mostrando que você precisava ser homem de verdade - e isso em nada tem a ver com machismo e sexo.
Aos 29 anos não deu tempo... era trintenário, era 4 de janeiro.

30 anos.

Hoje é meu aniversário.
Eu estou tão sereno e tranquilo.
Estava há pouco olhando através do vidro da janela do meu quarto o movimento da vida. Pareceu tão nobre e privilegiado ter a oportunidade de presenciar tal fato.
Talvez isso seja ter 30 anos de idade.
O garoto deu lugar ao homem. A vida adquiriu um sentido maior. Nada é tão assustador que não possa melhorar, então é aconselhável ter essa paciência.
Coragem.
Nossa. E que coragem.
Você até luta pelo amor da sua vida, mas não perde mais tempo fantasiando coisas tangíveis como "ser feliz pra sempre" ou "casamentos à tarde na praia". Você não precisa ser feliz pra sempre. Você só precisa ser feliz hoje. 
Você sonha, mas você gasta mais tempo tentando realizar esses sonhos que sonhando e isso não te tira mais o sono.
É uma paz...
É uma linda e silenciosa manhã de sábado ensolarada.
Não é tênue; é, pois, consistente, consciente. Não demanda provas e nem insultos. É calma. 
Você recalcula rotas, muda estratégias não para atingir alguém mas a seus objetivos, tão-somente. Você adquire forças... uma força que jamais imaginou ter. Isso é tão verdadeiro quanto sua maturidade que, hoje, possui uma lapidação maior, melhor: você passou a entender melhor o fluxo da vida e isso te fez tão bem...

São 30 anos e eu mal posso esperar pelos outros 60.