À tarde, Sábado E Sobre Deixar Pessoas Partirem


Licença poética para falar sobre você: e abro aspas, com ironia.

Fingir. Eis uma sociedade. E têm aqueles que preferem, tão apenas, nem gostar, nem respeitar, nem se importar - ou se importar nas entrelinhas - ou gostar da boca para fora ou supor ser quando de fato não é. Famintos, ocupam-se do alheio, uma verdadeira apropriação indébita - e veja só quão cruel é a selva.
Não precisa dotar de extraordinária inteligência para saber. É mais importante você se manter aquém de si do que do outro. A vida deste é sempre tão maravilhada, não é mesmo? Ninguém dispõe de tamanha plenitude. 
E aí você se engana, acorda ou não aos 40 anos, imaginando deter de uma vida toda pela frente para ser quem você é - mas que nunca foi; quis, mas nunca teve. Você, muito provavelmente, perdeu aquilo que jamais soube deter; Imaginou ser imputável quando, em verdade, você e sua "quase vida" são inimputáveis: frutos de sua quase escolha. Foi a forma que você conseguiu para ser maior e, com toda certeza, melhor. Paciência. 
Como não tenho, neste caso em específico, tendências altruístas, só posso afirmar que nem dispor do "sentir muito", ocuparei-me. É tarde, suas opções já se integraram a você: é a vida, pois é. Bipolaridade? Muita. Aparências? Muitas. Mas ninguém sequer sabe que você está lá, na espreita, e isso te conforta como se você fosse um personagem fictício com superpoderes. Você nem vida social tem, mas domina da sociabilidade de outrem. Você perde tempo, muito tempo e, nesta questão, eu devo concordar com você. Não há nada mais cômodo que assistir a própria vida e, de quebra, a dos outros da melhor maneira possível: saindo do seu mártire em forma de bálsamo. Chegue em casa e faça o que você mais gosta de fazer, querida, mas não se esqueça da pipoca, nem do brigadeiro. Se puder ter um refri, agradeço - mas não se dê ao luxo em evitar açúcares, nada de refrigerante light: como sua maior virtude não deve ser saber o que é melhor para si, dos males, o menor.
Você é horrendamente medíocre e hipócrita, mas pelo menos possui uma vida tão completa que chega a ser inexistente. E aqui, ao contrário do que já fora dito, sim, talvez eu deva sentir muito.

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