Outsiders
O verão estava no fim.
As temperaturas estavam altas.
O dia era alegre e a fé atormentante.
A sensação que habitava meu habitat, era assombrosa.
Doía. Queimava. Era como se o balançar das folhas passasse a ter um maior significado, a ser melhor percebido, como uma constatação equivocada e naturalmente contraditória. Prometeram-me mais e, naquela ocasião, eu imaginava que mais sempre fosse mais.
O vento no rosto. O dia raiando, o dia se pondo. A noite acordando.
O vento no rosto. O dia raiando, o dia se pondo. A noite acordando.
Tudo era percebido de uma forma maior, mais bonita e reluzente.
A dor não estava lá; mas, a sensação do fim, sim.
Talvez fosse este o motivo.
Percebi.
Amanheceu e anoiteceu muitas outras vezes - e nenhum delas foram iguais, como o de costume.
Era como se eu estivesse atravessando uma estrada qualquer, a 120km, por hora, no outono, e tivesse me tornado aquelas borboletas, a procura de um novo abrigo, que, inevitavelmente, são massacradas pelo parabrisa ou solavanco do carro, na tentativa de ser algo melhor, maior e mutante. Era tênue e muito, muito apático, tudo. "Apaticidade colorida". Inevitabilidade.
Hoje faz alguns anos.
Certamente, não sou o mesmo, não quero o mesmo e não pretendo relutar - e nem aceitar.
Dói, dói, sim. Machuca muito. Mas foi necessário e tinha que ser assim, talvez. É, talvez, a maior dor e a maior alforria da vivência que me pertencia.
Foi libertador e maniqueísta.
Passou.
Não acabou.
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