August Song
Olhei o calendário. Era agosto (o de sonhos).
A vida escorrendo, não suturava.
É sádico - é perceber o quanto ingênuo fui e o quanto debochei da minha suposta capacidade.
Sem querer.
Perdoe a quem de direito.
Eu acredito em um Deus de (e dos) pecadores. Um ser bom e complacente.
Eu só não acredito em mim.
E aí está o problema a ser resolvido - se é que isso ainda é possível.
A sensação da avaliação me constrange e se isso acontece é porque eu não devo ter feito a "lição de casa", sequer, como deveria.
Aos poucos, sinto que estou me despedindo. É hostil, eu sei. Mas dói perceber o perecimento, principalmente, de sonhos e vontades mal-acabados. Sinto muito mãe. Desculpa pai. “Me” machuca muito, também, tomar ciência desse pesadelo.
Há algumas formas de se decretar a morte - e ela pode ser voluntária ou jamais chegar perto disto.
Há muitos mortos no trânsito, nas repartições públicas, “nos carros do ano” e nos jantares milionários; com jóias inestimáveis e sapatos exclusivos, sentados em suas mesas, tomando seus chás horrendos, porém charmosos (não que a Idade Média tenha sido charmosa), acreditando em um futuro melhor, decorando leis e tentando fazer justiça - onde não cabe ser justo.
Qual a sua morte preferida? É possível escolher a melhor? Podemos escolher?
Só não morram de tédio - e nem por incompetência.
Alguém consegue ouvir o soar do meu coração?
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