Sobre Decepções E O Vazio


Eu nem sei. 
Há um sentimento ambíguo.
Ele se reveste de medo
Mas também de desespero.
Solidão não parece opção.
É o único destino que a mão não pode tocar.
Eu sempre me pergunto para onde se vai, por que se vai e por qual motivo adianta ir,
Mas isso não faz sentido algum. Não hoje.
Faz frio lá fora. 
A Amazônia tem dessas. 
Embora seja inverno e faça frio, meu coração arde
Arde sabe-se lá por quê. Não?
Ninguém é suficiente ou eu sou muito desinteressante. Ou as duas coisas.
“Solidão que nada”? Não concordo.
As coisas perderam o brilho que pareciam ter.
A vontade é regrada,
O amor desatualizado.
A ansiedade por dias melhores também passou. E isso não me preocupa, mais.
Eu nem sei, na verdade.
Faz falta. 
Faz doer.
Faz chover.
Faz escurecer.
Faz duvidar.
Faz regredir.
Eu já falei que faz doer?
Faz amanhecer.
Há quase sete meses eu ando lidando com o mesmo dia. É exaustivo, sobretudo.
Ninguém lá fora me soa interessante. 
Ninguém aqui dentro me é interessante.
Coração de gelo; ou de muito fogo. Ou de muito fofo, o que é uma pena. Fofura só é interessante quando se tem dois anos; após isto, é idiotice.
Está escuro. Indiferente. Si-len-ci-o-so...
Nunca o “tanto faz”, fez tanto sentido a leste de São Francisco.
E isso muito me machuca, mas atenua. É sádico, mas não por opção.
É 1h17min de uma quarta-feira. 
No som, melancolia. No abajur, esperanças: no máximo e não mais que isso.
O telefone não toca, ninguém se lembra, você só é irrelevante.
Cadernos. Vídeos. Post-it’s! 
Sonhos, para serem reais, são tão dolorosos que você chega a se perguntar sobre a necessidade deles. É, eu sei. Você também não tem uma opinião sólida sobre isso, mas continua. 
Que tolo, você. Tolo e acorrentado. Perda de tempo.
Resquícios da miserabilidade do sistema?
É assim. Tem que ser assim. Levanta a cabeça, abre um semblante simpático e, se necessário, sorria. Sorria enquanto o sangramento aí dentro não estanca e a ferida não se cura. 
A ferida não vai se curar. É que você não produz cicatrização. Você só deve se acostumar e tirar de letra. “Acostume-se”, vai por mim. 
Você se sente mal, afinal, o buraco que se abriu há algum tempo, especialmente nessas horas, parece estar intacto – e, talvez, esteja mesmo. 
O seu tempo, a essa altura, deve estar lento e você precisa lidar com isso para sobreviver. 
Faz assim,
Não subestima o fim. 
Acaba aqui.
Assim? 
Fim?
Acostume-se. 

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