Venlafaxina, 75
Com os fones, ouço fortaleza, lembranças, dor Fecho os olhos e enxergo medo. Muito medo. E pena. Pena de mim, do que eu falei um dia; do quanto eu anotei, um dia, para ser melhor; pena por, ainda assim, ter falhado miseravelmente. Sinto pena de mim porque a dor que carrego no peito, desde os primórdios da minha existência, não foram frutos do que eu sou (eu não nasci para este propósito de fracassos). Inventaram-me que eu tinha que ser triste para, então, ser digno: digno de estar. Digno de ser. Digno de tentar, conversar, para fazer amigos, de não ser digno. Digno de ser indigno... Eu não sei como exatamente deixei essas questões tão delineadas a minha frente, assumissem o meu posto. Eu fui roubado. Só consegui enxergar alguns três olhares duvidoso. Depois, soco no estômago, no coração, na cabeça.... tontura. Estou muito tonto. Falar sobre minhas insuficiências ainda me causa crises fortes de ansiedade. A névoa lá flora só confirma minhas desconfianças: não haverá sol ao amanhece